Walter Lippold
Sempre quis entender o que acontecia na escola com a criatividade das
crianças: depois de ler muito sobre o assunto, de viver a vida escolar tanto
como aluno e como professor cheguei a conclusão provisória de que a escola tem
muitas vezes podado a criatividade em prol do disciplinamento. Esse não é um
problema só dos professores mas também da sociedade que vê nas escolas
hodiernas públicas um depósito para crianças e jovens e uma trincheira de
contenção social. A educação como deus ex
machina da sociedade!
Em primeiro lugar devemos ter em mente que a situação que vamos enfrentar
é extremamente complexa devido aos elementos que interagem e desembocam na
atual “cultura do ctrl+c ctrl+v”. Do mais alto grau dos níveis de pós-graduação
até o ensino fundamental a cultura do plágio, a cópia mecânica em pesquisas
impera impunemente. Com o acesso aos hipertextos na internet a facilidade – e
esse foi um outro lado das TICs – a cópia mecânica teve um novo impulso.
Cansamos de receber trabalhos de alunos impressos diretos da Wikipédia até
mesmo com links. Mesmo antes do advento da internet as pesquisas geralmente
eram cópias de enciclopédias e do famoso Almanaque Abril.
A posteriori devemos nos preocupar
valorizar a autoria, enfatizando que todo conhecimento humano é fruto de
coletividades muitas vezes anônimas e que a criatividade é a capacidade de
organizar o que já se conhece em novas formas que gerem superações e novos
conhecimentos. Temos que lembrar a todo o momento que a “Sociedade da
Informação” não garante a “Sociedade do Conhecimento”, ela é uma possibilidade
que só pode emergir quando o sujeito transforma as informações através da
coleta, análise, interpretação, compreensão e explicação, relacionando-as em
suas ligações e produzindo abstratamente o desdobramento de suas contradições.
O conhecimento não é linear, muito mesmo um álbum de imagens pétreas e
isoladas. Por isso é importante um método de ensino que leve em conta a
dialética do conhecimento, nesse sentido o hipertexto e outros recursos e
linguagens digitais atuais podem interagir e apoiar na produção de
conhecimento.
O método se divide nas seguintes etapas:
1.
Período de sensibilização para o tema (o aluno precisa
tornar o objeto de conhecimento em conhecimento para-si);
2.
Exposição dos conceitos básicos com slides digitais;
3.
Leitura de
textos digitais e do livro-didático;
4.
Pesquisa na Internet de hipertextos e imagens sobre o
tema;
5.
Leitura do meu Blog (HTTP://sorbinario.blogspot.com) do
tutorial sobre como produzir documentos coletivos no Google Docs.
6.
Aula técnica sobre uso do Google Docs;
7.
Exposição e resumo do assunto (slides digitais)
8.
Produção textual e gráfica coletiva no Google Docs
(avaliação)
A interação do aluno com a tecnologia digital já é em si um grande
estímulo para a aprendizagem pois nosso público-alvo são jovens de 11 a 16
anos. Mas quanto a autonomia e autoria na produção textual, tenho conseguido
sensibilizar 60% dos alunos quanto a importância de ser autor de seu texto e de
sua própria vida, em última instância. Após ver um documentário ou filme os
alunos deve produzir um texto analisando e interpretando o filme, nesse intento
eles não podem copiar trechos de outros textos, apenas as suas próprias
anotações feitas durante o filme. Tenho recebido textos maravilhosos de
crianças de sexta série. Parece que tem
funcionado em parte o método, pois cansamos do tradicional quadro de giz e
questionários de livros didáticos que de nada adiantam para uma aprendizagem
efetiva em sala de aula.
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