Introdução
A criação e utilização da tecnologia é própria do gênero homo e teve o seu boom com o surgimento do sapiens sapiens. A antropogênese – o processo de hominização - é fruto do trabalho, da criação de objetos através dos anos e do desenvolvimento cumulativo de know-how. O ser humano, diferente de outros animais, além de refletir a realidade objetiva e seguir instintos, projeta o seu subjetivo na realidade o que podemos chamar de objetivação humana. Ao criar objetos, ao objetivar os seus projetos subjetivos, o ser humano se humanizava numa relação dialética entre criar a tecnologia, transformando a natureza e criar a si mesmo como ser-da-praxis.
Este ato de criação, onde o sujeito humano torna coisal as suas idéias os gregos chamavam de práxis, ou prática social. Nesse sentido podemos afirmar que o ser humano vem transformando a realidade sócio-natural desde que começou a caminhar ereto e libertou suas mãos para a feitura de objetos úteis a sua existência. E a técnica acompanha este crescendo de invenções e aperfeiçoamentos que chamados de história da tecnologia.
A mitologia também explica o surgimento da tecnologia, a tragédia de Prometeu Acorrentado, o titã que ensinou o segredo do fogo (tecnologia) aos homens, roubado dos deuses é o símbolo da criação humana e do espírito humano criador que Hegel chamou de Lebensäusserung (externação criativa de vida). O mundo mitológico e religioso está cheio de deuses ferreiros que ensinaram o segredo da tecnologia aos humanos: Ogum na África ioruba é um exemplo. Hoje Ogum é considerado o orisha da HiGh-Tech , aquele que ensinou o ser humano a forjar o ferro e abre os caminhos tecnológicos da humanidade.
A mitologia também explica o surgimento da tecnologia, a tragédia de Prometeu Acorrentado, o titã que ensinou o segredo do fogo (tecnologia) aos homens, roubado dos deuses é o símbolo da criação humana e do espírito humano criador que Hegel chamou de Lebensäusserung (externação criativa de vida). O mundo mitológico e religioso está cheio de deuses ferreiros que ensinaram o segredo da tecnologia aos humanos: Ogum na África ioruba é um exemplo. Hoje Ogum é considerado o orisha da HiGh-Tech , aquele que ensinou o ser humano a forjar o ferro e abre os caminhos tecnológicos da humanidade.
Nos últimos 100 anos, devido a processos radicais de transformação social como a Revolução Industrial, o salto qualitativo tecnológico foi além de todas as profecias e desbancou até mesmo os filmes de ficção-científica. Não temos carros que voam, mas temos a misteriosa nanotecnologia, ainda não colonizamos o espaço, mas olhamos com o Hubble aonde nenhum humano jamais observou, não há teletransporte, mas aceleradores de partículas desvendam os enigmas da física quântica, não temos a inserção de dados no cérebro automaticamente, mas temos uma rede mundial que pode ser acessada de qualquer lugar.
1ª Etapa: Práticas Pedagógicas
No campo da educação – um microcosmo sempre em correlação com o macro, a sociedade – o debate sobre o o uso da tecnologia é bastante antigo: já na Grécia Antiga se debatia se seria bom ou não adotar a escrita para o ensino que anteriormente era somente oral. O grande Sócrates era contra o uso da escrita pois o uso dessa tecnologia atrofiava a memória. Hoje a escrita é essencial em um mundo tão complexo como o nosso. O mesmo acontece com as novas tecnologias decorrentes da Terceira Fase da Revolução Industrial (Revolução Técnico-Científica) como a informática e a cibernética.
Toda revolução tecnológica encontra resistência no meio educacional.
Eu nasci em 1980, e minha vida foi um pouco diferente do vídeo postado pela Professora do nosso curso, apesar de em alguns momentos me ver nele. Aquele vídeo mostra – de modo homogêneo e beirando o senso comum – a cultura pop hegemônica nos anos 80 e 90. Mas nem todos estavam vivendo daquele modo, aquele vídeo abarca uma visão da classe média brasileira e não de todos como absolutiza a todo momento a narradora do vídeo. Havia uma subcultura underground que emergia e que foi bem retratada em filmes como Blade Runner e nos livros de literatura cyberpunk de William Gibson. Eu me alfabetizei no MS-DOS com 7 anos de idade e nos anos 90 já era operador de IRC. Em 1995, enquanto as pessoas nem sabiam o que era internet eu já sabia fazer páginas em HTML. No entanto sempre vivi nas brincadeiras de rua que tem sido esquecidas nos dias de hoje. A minha experiência pessoal me levou, certamente, a unir a paixão pela tecnologia, pelo potencial humano de criação e pela educação.
Este contato – sempre crítico – com a tecnologia continuou na minha vida de professor.
Nas minhas aulas – onde a pesquisa é o eixo central – eu procurava alfabetizar os alunos nas linguagens digitais sempre trabalhando a autonomia intelectual, nunca para torná-los meros apêndices da máquina. Nossa tendência é exaltar a tecnologia e torná-la um deus ex machina. Eu não partilhava dessa visão fetichista da tecnologia. Nas minhas aulas que objetivava mostrar aos alunos que o ser humano é o senhor e o criador da máquina e que ela deve servi-lo para o bem da humanidade.
As tecnologias que eu utilizei e utilizo nas salas de aula foram:
• Pesquisas na internet;
• Feitura de blogs
• Feitura de Fóruns
• Wikis
• Slides Digitais (aulas expositivas)
• Google Earth
• Youtube
• Ferramentas de digitação
• Manipulação de vídeo (moviemaker)
• Manipulação de áudio
• Visitas a museus virtuais e Panoramias
• Jogos com fundo histórico (Age of Empires)
• Redes Sociais
As pesquisas na internet têm sido corriqueiras em minhas aulas, o grande desafio é alfabetizar os alunos dentro de ambientes e mecanismos de buscas e o combate ao “recorta e cola” tendência que cresceu desde o advento da internet. Quanto a feitura de blogs eu administro dois: um para os alunos (onde posto material de apoio, vídeos, mapas, etc) e um fórum para professores. Nessa experiência eu notei que os professores são mais analfabetos digitais que os alunos, um dado importante que nos leva ao campo da formação inicial completamente obsoleta atualmente. A utilização de wikis se deu quando trabalhei no Colégio de Aplicação da UFGRS onde existia um vanguardismo quanto ao uso de tecnologias digitais na educação. Essa experiência foi muito rica, demonstrando que o grande problema no que tange à utilização das tecnologias digitais na sala de aula é a estrutura física e depois a formação de professores.
Os slides digitais são o novo quadro-negro do professor do século XXI. Além de utilizar em sala de aula procuro alfabetizar os alunos nessa linguagem, já que minhas escolas são situadas na periferia de Porto Alegre (Restinga), o conhecimento dos alunos quanto a tecnologia digital se resume ao Orkut e ao MSN! Mapas de papel eu aboli totalmente em minhas aulas, o recurso Google Earth é maravilhoso e causa um impacto incrível nas aulas: poder se mover por um mundo 3D feito por fotos de satélite é algo incrível e que vidra os olhos dos alunos nas aulas.
A pesquisa de documentários no Youtube é outro recurso que eu utilizo, apesar de 60% do conteúdo ser de lixo cultural, o youtube é um instrumento poderoso de pesquisa visual, um manancial nunca visto pelos historiadores e professores de história.
O uso das ferramentas de digitação e do básico em planilhas também são ensinados em minhas aulas, ao mesmo tempo em que os alunos aprendem história são obrigados a aprender a manipular as ferramentas básicas exigidas no mundo do trabalho atual, edição de textos e planilhas. Alguns alunos ao invés do velho cartaz de cartolina, já me apresentam vídeos manipulados no vídeo maker o que demanda muito tempo e paciência para ensiná-los: mais uma vez somos barrados pela precariedade da estrutura física de uma escola pública, pois as máquinas são obsoletas e mal rodam programas como o movie-maker. Assim como o uso de jogos com fundo histórico ajudam o aluno que se diverte e aprende. O mesmo ocorre com o uso das redes sociais, se bem utilizadas pelo educador nos trazem uma ferramenta a mais para o ensino.
Hoje podemos visitar diversos lugares do mundo sem sair da sala de aula. Eu me coloco no lugar do aluno, quanta diferença em observar uma foto 2D e um Panoramia... Como é bom poder levar meus alunos na Capela Sistina virtual, enquanto falo sobre Renascimento.
Isso é um pouco do que e de como utilizo a tecnologia na sala de aula sempre pensando que meu público-alvo são dois pólos inversos mas intimamente correlacionados: sou professor de adolescentes da periferia urbana e também educador de cursos de formação para professores.
ETAPA 2: Práticas de Mercado
Em primeiro lugar me incomodou bastante este conceito de “práticas de mercado” pois na minha visão quando a educação se torna puramente uma prática de mercado ela deixa de ser educação para virar treinamento/adestramento. Talvez por desconhecer o conceito na minha formação como educador eu esteja com esse mal-estar. No meu ponto de vista é um grande erro transportar mecanicamente os ditames empresariais para a sala de aula pois estamos adaptando a educação a um fim apenas e não em toda a sua complexidade. Tanto me incomodou que tive extrema dificuldade de redigir este texto, pois fiquei com receio de expor a minha ideia sobre o assunto. Os alunos devem ser educados para o mundo do trabalho, mas também para a vida e a cidadania plena. Quando um desses elementos se hipertrofia, a educação não cumpre a sua função social.
Na verdade não achei nenhuma prática de mercado na pesquisa que efetivei e sim experiências educacionais efetivadas na área de História. A que mais me chamou a atenção foi a do uso da internet no ensino de História e Geografia que em seu resumo dizia:
Este trabalho constitui um ensaio teórico e de reflexão sobre as atividades parciais do Projeto uso da Internet como ambiente mediador e articulador da aprendizagem em geografia e história nos anos iniciais do ensino fundamental, vinculado ao Programa PROLICEN da Universidade Federal da Paraíba. Trata-se de utilizar as potencialidades da Internet como recurso didático e instrumento pedagógico com ênfase na inovação pedagógica nos campos das disciplinas Geografia e História. O Projeto tem como objetivo, aplicar os conhecimentos veiculados pela Internet, orientando os alunos para a importância e contribuição do uso desta na educação, no desenvolvimento da aprendizagem e na obtenção de informações, levando-os a desenvolver o interesse pela pesquisa da História e da Geografia, no Ensino Fundamental.
O que posso afirmar é que tive muita dificuldade em achar artigos científicos (pesquisei apenas no Google Acadêmico e no Scielo, pois a professora pediu fontes confiáveis) que fossem além do uso geral da internet em sala de aula. Isso até me deu ideias: quem sabe um doutorado sobre o uso de tecnologia e ensino de História?
Claro, tivemos poucos dias para a pesquisa, mas mesmo assim notei a falta de reflexão teórica sobre as experiências práticas e notei também que o uso que faço da tecnologia em sala de aula do ensino público está bastante avant la lettre . O artigo versa sobre o uso da internet nas aulas de geografia e história e escolheu como local de pesquisa [...]a Escola Municipal Olívio Ribeiro Campos, localizada no município de João Pessoa, envolvendo alunos (as) do Ensino Fundamental, dos 3º, 4º e 5º anos, num total de 40 (quarenta) alunos do turno da manhã, que participam do projeto no horário da tarde, portanto oposto às aulas diárias. O referido projeto começou a ser executado no mês de setembro com término previsto para dezembro de 2009. No momento seguinte realizou-se reunião com direção, sessões pedagógicas com os professores para definição dos conteúdos e ações a serem executadas no Projeto segundo suas necessidades pedagógicas e dificuldades de acesso ao computador e a Internet. Foram utilizados vários passos para a efetivação do projeto, entre eles as regras de convivência e de manutenção do laboratório de informática (importantes no contexto da indisciplina escolar atual); uma pesquisa sobre a história da internet; a utilização de bibliotecas digitais; e last but not least, os passeios virtuais a museus. No momento os alunos estão trabalhando com o software Google Earth com o tema sustentabilidade nos três níveis de ensino para apresentação viaInternet pelos alunos do Projeto na feira de ciências da Escola.
As próximas atividades do Projeto a serem realizadas constarão das seguintes: Oficinas pedagógicas sobre Atividades lúdico-pedagógicas com aulas expositivas dialogadas e simulação dos temas em Geografia e História utilizando computador; Atividades de pesquisa através da Internet utilizando os temas propostos do Plano de Trabalho do Projeto, como motivação no resgate do interesse do aluno pelas disciplinas do ensino fundamental; e avaliação. A conclusão do artigo nos trás algo que é o cerne da questão da tecnologia na educação: a formação e capacitação de professores para o uso dessas ferramentas e interfaces na sala de aula: Pelos achados preliminares do Projeto depreende-se que a Internet no ensino de Geografia e História é um instrumento tecnológico para as atividades docentes, como meio de intervir na realidade estimulando o pensamento crítico do aluno do ensino fundamental para os desafios do mundo contemporâneo entre sociedade estruturas políticas econômicas atuais. De outra parte essa prática profissional de produção de saberes requer do professor capacitação para atuar nesta perspectiva dando uma visão geral dos trabalhos suas bases contextuais e teóricas e os contextos sociais nos quais eles se inserem. Para tanto é necessário que o professor realize buscas com informações, recursos didáticos, metodologias e ações educativas orientadas por uma proposta de trabalho capaz de associar tais recursos do livro didático a Internet.
Claro, tivemos poucos dias para a pesquisa, mas mesmo assim notei a falta de reflexão teórica sobre as experiências práticas e notei também que o uso que faço da tecnologia em sala de aula do ensino público está bastante avant la lettre . O artigo versa sobre o uso da internet nas aulas de geografia e história e escolheu como local de pesquisa [...]a Escola Municipal Olívio Ribeiro Campos, localizada no município de João Pessoa, envolvendo alunos (as) do Ensino Fundamental, dos 3º, 4º e 5º anos, num total de 40 (quarenta) alunos do turno da manhã, que participam do projeto no horário da tarde, portanto oposto às aulas diárias. O referido projeto começou a ser executado no mês de setembro com término previsto para dezembro de 2009. No momento seguinte realizou-se reunião com direção, sessões pedagógicas com os professores para definição dos conteúdos e ações a serem executadas no Projeto segundo suas necessidades pedagógicas e dificuldades de acesso ao computador e a Internet. Foram utilizados vários passos para a efetivação do projeto, entre eles as regras de convivência e de manutenção do laboratório de informática (importantes no contexto da indisciplina escolar atual); uma pesquisa sobre a história da internet; a utilização de bibliotecas digitais; e last but not least, os passeios virtuais a museus. No momento os alunos estão trabalhando com o software Google Earth com o tema sustentabilidade nos três níveis de ensino para apresentação viaInternet pelos alunos do Projeto na feira de ciências da Escola.
As próximas atividades do Projeto a serem realizadas constarão das seguintes: Oficinas pedagógicas sobre Atividades lúdico-pedagógicas com aulas expositivas dialogadas e simulação dos temas em Geografia e História utilizando computador; Atividades de pesquisa através da Internet utilizando os temas propostos do Plano de Trabalho do Projeto, como motivação no resgate do interesse do aluno pelas disciplinas do ensino fundamental; e avaliação. A conclusão do artigo nos trás algo que é o cerne da questão da tecnologia na educação: a formação e capacitação de professores para o uso dessas ferramentas e interfaces na sala de aula: Pelos achados preliminares do Projeto depreende-se que a Internet no ensino de Geografia e História é um instrumento tecnológico para as atividades docentes, como meio de intervir na realidade estimulando o pensamento crítico do aluno do ensino fundamental para os desafios do mundo contemporâneo entre sociedade estruturas políticas econômicas atuais. De outra parte essa prática profissional de produção de saberes requer do professor capacitação para atuar nesta perspectiva dando uma visão geral dos trabalhos suas bases contextuais e teóricas e os contextos sociais nos quais eles se inserem. Para tanto é necessário que o professor realize buscas com informações, recursos didáticos, metodologias e ações educativas orientadas por uma proposta de trabalho capaz de associar tais recursos do livro didático a Internet.
ETAPA 3:
Os ponto positivos de minha prática são a preocupação de sempre buscar conhecimentos quanto ao uso da tecnologia digital na sala de aula e a aceitação dos alunos que – pelo brilho nos seus olhos – demonstram estar gostando da interação entre ensino de História e uso de tecnologias digitais. O que poderia melhorar em primeiro lugar, se comparar a minha prática com a exposta no artigo pesquisado é a organização prévia e coletiva desse uso pois no meu caso é algo individual, projeto pessoal meu e nunca interage com o resto dos professores. Não há um projeto coletivo pedagógico e sim um professor que outro interessados no assunto. Sem um projeto de escola que englobe o uso da tecnologia digital e uma formação inicial e continuada de professores que leve em conta as novas tecnologias, não ocorre continuidade entre minhas aulas e de outros professores. Os alunos saem de uma aula com Google earth, slides, feitura de vídeos, para a mesmice do quadro de giz e livro-didático e isso, a descontinuidade, acaba por minar os esforços individuais. Esta é a grande falha da minha experiência, ela não perpassa o currículo!
Outro problema essencial é a falta de recursos físicos. Eu tive que comprar um netbook e um smartphone com 3G para poder ministrar aulas com internet. Quem paga a conta sou eu e não a mantenedora (SMED/POA). Eu faço isso porque quero é claro, mas se eu fosse depender dos recursos de uma escola pública, nunca ocorreriam estas aulas. Agora esse problema tem sido em parte sanado: minha escola adquiriu 2 data-shows, mas dos 103 professores apenas eu e outro utilizam o data-show: a maioria não sabe nem conectar os cabos!!! Aqui entre a questão da formação inicial e continuada.
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